70 anos depois o apelo de estocolmo continua atual fim as armas nucleares 2 20200323 2045276426

na foto Alves Redol e Lopes-Graça no Congresso Mundial dos Intelectuais pela Paz (1948)

 

O Apelo de Estocolmo, pela proibição das armas atómicas, foi lançado há 70 anos pelo movimento mundial da paz, contribuindo decisivamente para a sua afirmação e desenvolvimento: em todo o mundo muitos milhões subscreveram este Apelo pela “interdição absoluta da arma atómica, arma de terror e de extermínio em massa de populações”, fazendo dele um clamor planetário pela paz e o desarmamento.

Os portugueses não ficaram à margem deste impetuoso movimento, tendo sido muitos os ativistas da paz que recolheram assinaturas um pouco por todo o País, as entidades, coletividades e associações que aprovaram moções e resoluções e as pessoas que escreveram missivas defendendo a proibição das armas atómicas. Fizeram-no apesar das violentas limitações e proibições impostas pela ditadura fascista – alinhada já então com a política externa norte-americana e membro fundadora da NATO –, tendo vários ativistas sido presos enquanto levavam por diante esta campanha.

 

O Apelo de Estocolmo foi decisivo para o surgimento, em Portugal, de uma organização especificamente vocacionada para a defesa da paz. As primeiras comissões locais foram constituídas a partir de março de 1950 precisamente para sustentar a recolha de assinaturas pela proibição das armas atómicas.

Em agosto desse mesmo ano foi constituída a Comissão Nacional para a Defesa da Paz, composta por personalidades de diferentes sectores sociais, orientações políticas e confissões religiosas. Presidida, nos primeiros tempos, pelo médico Egas Moniz (Prémio Nobel da Medicina), integravam ainda a comissão, entre outros, Maria Lamas, Ferreira de Castro, Fernando Lopes-Graça ou Ruy Luís Gomes – que se contam também entre os primeiros subscritores portugueses do Apelo de Estocolmo.

Os tempos que se seguiram não foram fáceis para os ativistas da Paz em Portugal, que tiveram de enfrentar a crescente e violenta repressão fascista. Porém, a luta pela Paz sempre se expressou no País, até à Revolução de Abril e daí aos dias de hoje, mobilizando a opinião pública para a defesa da liberdade, da democracia, da paz, do desarmamento, da dissolução dos blocos político-militares, da soberania de países e povos, da solidariedade.

Direção Nacional do CPPC