Em Lisboa, mais de uma centena de pessoas participaram ontem, dia 19 de Setembro, no acto público "PELA PAZ! NÃO À AGRESSÃO À SÍRIA!".
O desfile iniciou-se junto aos Armazéns do Chiado e terminou no Largo Camões onde foi aprovada por unanimidade a seguinte moção:
"PELA PAZ! NÃO À AGRESSÃO À SÍRIA!
Assistimos a um prolongado conflito na Síria, que tendo aparentemente surgido a partir de manifestações de insatisfação social, rapidamente foi apropriado por organizações subversivas armadas , com conexões e apoios em países e organizações estrangeiras, cuja violência evoluiu para uma guerra em larga escala, que conta já milhares de mortos e dois milhões de deslocados que sobrevivem em condições de grande carência e incerteza. A evolução desta crise trágica assenta em objetivos sombrios das potências ocidentais, lideradas pelos EUA, e pelas monarquias do Golfo Pérsico.
A Síria é um país com uma identidade longamente consolidada, um mosaico de culturas étnicas e religiosas coexistentes no quadro de um estado unitário, secular e de grande importância para a estabilidade do Médio Oriente.
A agressão insidiosamente imposta ao povo sírio tem conduzido a enormes sacrifícios da população, mas tem sido sustida pelo patriotismo e pela férrea vontade desse povo em preservar a sua unidade e soberania.
O governo dos EUA tem persistido sem descanso na ofensiva diplomática e subversiva contra o governo sírio, para tal encorajando a intromissão e o armamento de forças ditas «rebeldes», afrontando o direito internacional e os princípios inscritos na Carta da ONU.
Esse desígnio sinistro de ameaça de escalada de guerra tem merecido a ampla oposição dos povos. A hipotética boa-fé dos agressores vai-se diluindo e só os seus inconfessáveis interesses económicos e de domínio persistem inapagáveis.
A opinião pública mundial está cansada de mentiras e artificiosas campanhas de preparação de guerras de agressão.
O povo português encontra-se entre aqueles que declaram o seu firme compromisso com a defesa da paz e a sua oposição à agressão contra a Síria.
Ainda que os planos imediatos de escalada de guerra contra a Síria, através de um ataque directo, estejam adiados, os cidadãos e as cidadãs presentes neste acto público mantêm-se vigilantes e expressam:
- A exigência do fim da agressão contra a Síria e das acções de desestabilização deste país, promovidas por potências estrangeiras;
- O apelo ao diálogo, à negociação e à diplomacia para uma solução pacífica dos conflitos na região, no respeito dos princípios da Carta das Nações Unidas;
- A exigência de uma investigação completa, não só dos ataques com armas químicas, como também de outros crimes ocorridos neste conflito, e a punição dos seus responsáveis;
- A criação de um Médio Oriente livre de armas de destruição massiva, incluindo as armas nucleares;
- A exigência ao Governo português, para que, em consonância com a Constituição da República Portuguesa, condene a agressão ao povo sírio e rejeite a participação de Portugal, de forma directa ou indirecta, nessa agressão."