Aproximadamente 700.000 presos políticos palestinianos em prisões israelitas desde 1967. Se o número dos palestinianos que estiveram detidos por razões políticas sob ordem militar sionista desde a ocupação israelita dos territórios da Palestina impressiona, a realidade é bem mais sinistra, pela sistemática violação de tudo o que constituí normas internacionais, traduzidas em convenções, a que tais prisioneiros estiveram e continuam a estar submetidos.
Espalhados por 19 prisões, a que se somam 4 centros de interrogatórios e 3 centros de detenção, instalados em locais que vão desde bases militares a desertos e mesmo em locais desconhecidos, neste momento existem perto de 5.000 presos políticos palestinianos em prisões israelitas, alguns dos quais sob a famigerada lei da detenção “administrativa”, bem conhecida dos resistentes portugueses ao fascismo, onde sob lei militar qualquer palestiniano pode permanecer indefinidamente preso sem qualquer acusação, sem serem levados a julgamento, sem lhes ser permitida qualquer defesa. Neste momento, o número de detidos “administrativamente” é de 309 palestinianos, entre os quais vários deputados eleitos ao Parlamento Palestiniano e mesmo ministros do Governo Palestiniano.
Presos políticos estes aos quais são negados os mais elementares direitos, tudo fazendo o estado israelita para tornar a vida mais negra e desesperada possível aos próprios e aos seu familiares. Presos políticos estes que são deslocados da sua Pátria, os territórios ocupados ilegalmente por Israel e colocados em prisões em território israelita, violando assim o estado sionista a 4ª. Convenção de Genebra, com o beneplácito das autoridades judiciais israelitas, igualmente coniventes em todo o processo. Presos políticos a que é dificultada ao máximo o contacto com seus familiares, a quem é negado o contacto com outros presos políticos, em que é habitual o recurso ao encarceramento em celas “solitárias” pelas razões mais triviais ou até por simples poder discricionário das autoridades sionistas, presos políticos que vêem reduzidos os seus períodos de permanência em pátios ao ar livre, etc.
Segundo é hoje conhecido, através de fontes independentes e até de organizações israelitas de defesa dos direitos humanos, a prática de tortura é generalizada, com recurso seja à “tortura do sono”, agressões continuadas, subalimentando-os, não lhes prestando o necessário tratamento médico, fazendo “raides” relâmpago às celas, onde os presos são brutalmente espancados e mesmo feridos a tiro, havendo casos de mortes confirmadas - Prisão de Ktziot. O Estado de Israel, que assinou as convenções internacionais das Nações Unidas contra o uso de Tortura e outros tratamentos desumanos e cruéis, jamais se absteve de os usar contra presos políticos palestinianos. Presos porque lutaram e continuam a lutar contra a ocupação colonial da sua terra, contra a perseguição a que o seu Povo está submetido. A que não escapam menores de idade, culpados muitas vezes de atirarem pedras ao muro da vergonha que Israel construiu e continua a construir à volta das localidades palestinianas.
Existem, porém, alguns casos, em que a situação é ainda mais dramática, como é o caso das centenas de crianças presas, ou dos presos políticos oriundos da zona de Jerusalém Este, cerca de 200, aos quais nenhum direito é reconhecido, ora são julgados em tribunal militar, ora em tribunal civil, segundo a conveniência que o estado sionista tem em cada momento, mas cujo objectivo central é o de expulsar o máximo possível de cidadãos palestinianos dessa cidade, na verdade o mesmo objectivo praticado em todas as zonas da Palestina ocupadas ilegalmente pelo estado israelita. E aqui, tudo serve para retirar o direito de residência a qualquer cidadão palestiniano, ameaça sempre latente sobre presos e não presos, forma “simples” que o estado sionista utiliza, à semelhança do utilizado pelo estado nazi nos anos 30 do século passado, para proceder à “purificação racial”, como objectivo para a construção de um “Estado de judeus e só para judeus”. Sem Palestinianos!
E hoje, data em que se celebra o Dia do Prisioneiro Político Palestiniano, mais de 1.600 presos políticos irão encetar uma greve de fome como forma de luta pelo fim das prisões administrativas, por melhores condições prisionais, pelo direito à leitura de jornais, pelo direito a visita de familiares e contra o impedimento da continuação de estudos, segundo diversos jornais israelitas nas suas edições do dia de ontem (The Times Of Israel, Haaretz e The Jerusalem Post, entre outros). A perseguição que o governo sionista tem feito e continua a fazer aos presos políticos palestinianos mais não tem sido que uma forma de retaliar o Povo Palestiniano e os seus dirigentes, pela sua luta contra a ocupação colonialista da Palestina e o apartheid sionista!
Neste dia de luta e solidariedade é imperativo reafirmar a exigência da libertação de todos os presos políticos palestnianos das prisões israelitas, da libertação dos territórios ocupados da Palestina e da constituição do seu Estado independente, soberano e viável nas fronteiras anteriores a Junho de 1967 e com capital em Jerusalém Leste.