Nos dias 10 e 11 de Junho decorreram em Bruxelas uma Jornada de Solidariedade com a Venezuela e a Cimeira dos Povos. Estas duas iniciativas realizaram-se no momento em que decorria, também na capital belga, a Cimeira entre a União Europeia (UE) e os países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e do Caribe (CELAC).
A Cimeira dos Povos foi uma iniciativa promovida inicialmente por organizações e movimentos belgas, entre os quais a INTAL, movimento da paz belga membro do Conselho Mundial da Paz. Posteriormente associaram-se à realização da Cimeira dos Povos centenas de organizações da Europa e da América Latina e das Caraíbas (ver organizações promotoras - aqui).
A Cimeira dos Povos contou com a participação de mais de 1500 delegados, de 346 organizações e movimentos provenientes de 43 países da Europa e da América Latina e Caraíbas, que ao longo dos dois dias participaram em mais de uma dezena de painéis e encontros (ver programa - aqui).
O Conselho Português para a Paz e Cooperação, entre outras organizações portuguesas, participou activamente nas várias actividades da Jornada de Solidariedade com a Venezuela e da Cimeira, afirmando o seu empenho na luta pela paz, pela amizade e cooperação entre os povos, nomeadamente entre os povos da América Latina, das Caraíbas e da Europa.
Cerca de uma dezena de activistas do CPPC - membros da direcção e de vários núcleos regionais - participaram e contribuíram para a discussão em todos os painéis, tendo a presidente da Direcção do CPPC, Ilda Figueiredo, participado como oradora no painel "Paz e Soberania" e o membro da direcção, Filipe Ferreira, moderado o "Encontro entre deputados e movimentos sociais".
No dia 10 de Junho, dedicado à solidariedade com a Venezuela, realizou-se, entre outras iniciativas, uma manifestação de apoio ao povo venezuelano e à sua Revolução Bolivariana, que encheu de cor a Avenida Simão Bolívar, em Bruxelas.
Na sessão de encerramento da Cimeira dos Povos participaram o Presidente do Equador, Rafael Correa, e os vice-presidentes de Cuba e da Venezuela, respectivamente, Miguel Diaz-Canel e Jorge Arreaza.
A Cimeira dos Povos foi um momento de partilha de lutas, experiências e perspectivas entre representantes de organizações da América Latina, das Caraíbas e da Europa.
Nesta Cimeira foi afirmada a vontade de defender a paz e a soberania dos povos, frente a ameaças de ingerência, designadamente dos EUA e seus aliados da NATO e da UE, que tanto na América Latina como na Europa e por todo o mundo continuam a promover o militarismo e a proliferação de instalações militares, expandindo a sua presença, ameaça e acção belicista.
Na Cimeira foi afirmado o apoio ao povo cubano e à sua revolução, tendo sido celebrado o regresso dos cinco heróis cubanos à sua pátria e exigido o levantamento total, imediato e incondicional do bloqueio contra Cuba por parte do Governo dos Estados Unidos, bem como o encerramento imediato da base militar dos EUA de Guantanamo.
Os participantes na Cimeira expressaram o apoio à Revolução Bolivariana tendo rejeitado os planos de desestabilização permanentes, que são dirigidos, financiados e organizados por organizações norte-americanas. Foi em particular rejeitada a Ordem Executiva da Administração dos Estados Unidos que pretende designar a República Bolivariana da Venezuela como uma ameaça à sua segurança nacional e exigida a sua imediata revogação.
A Cimeira foi igualmente um momento de afirmação da necessidade da defesa do ambiente e de inversão das políticas depredadoras da natureza que têm nefastas consequências, e com maior gravidade para os povos e países economicamente menos desenvolvidos.
A Cimeira foi ainda uma oportunidade para contrapor os processos de cooperação e integração baseados no respeito pela soberania dos Estados, como a ALBA ou a CELAC, com a União Europeia que é baseada na imposição de relações de domínio económico e político das grandes potências, como a Alemanha, e dos interesses dos grandes grupos económicos e financeiros, que procura impor políticas e medidas contra os direitos sociais e laborais dos povos, desrespeitadoras da soberania nacional e da democracia, e que se assume como pilar europeu da NATO, projectando uma política intervencionista e belicista no mundo.
A Cimeira dos Povos da Europa e da América Latina e Caraíbas afirmou a vontade de construir verdadeiras alternativas para um mundo de paz, mais justo e solidário, para um mundo melhor.